A reação do comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar de Sergipe, tenente coronel Flávio Arthur, diante do atestado entregue por um policial militar que faltou ao serviço em Própria - município que faz divisa com Porto Real do Colégio, em Alagoas - para fazer acompanhamento médico do filho menor, que tem Síndrome de Down viralizou nas redes sociais em Sergipe e Alagoas desde a noite de quinta-feira (29).
O comandante exprimiu raiva em um áudio enviado por ele em um grupo de oficiais
do Batalhão. O conteúdo vazou e foi transformado em vídeo, usando uma
fotografia do tenente-coronel, que diz:
“Para a gente não se estressar no fim de semana. No próximo serviço, ele fica
de serviço domingo. Manda ele [sic] no Batalhão, no dia que você estiver para
conversar pessoalmente e ele se explica. Supervisor, consta no relatório o
atestado, o atestado é do filho. Tem que estar pormenorizado se não tem nenhum
familiar para tomar conta. Isso aí o militar tem que explicar. Acho que o
militar confundiu, ele devia estar mandando esse atestado para o cabaré que ele
frequenta. Aí se confundiu e mandou para a unidade militar que ele trabalha.
Mas com o tempo a gente vai administrando isso aí”, declarou o comandante.
A falta de sensibilidade do
comandante que considera que o militar, apesar de ser pai, só teria
responsabilidade com o filho, neste caso para levar ao médico, se não tivesse
“nenhum familiar para tomar conta”, e ainda dizer que ele “se confundiu” ao
apresentar o atestado em serviço e não no “cabaré que ele frequenta”, gerou
vários comentários em redes sociais.
Um perfil em uma rede social administrado por militares publicou: “Não é
possível que em pleno século 21 ainda presenciamos cenas lamentáveis como essa!
Repúdio total a essa fala, todos, independente do posto ou patente devem ser
tratados com o devido respeito! Coronel da PM SE diz que servidor militar
deveria evitar o atestado de acompanhamento médico do filho menor (que tem Síndrome
e Down) para um cabaré, que, segundo o Coronel, deve ser frequentado pelo pai
da criança”.
Em sua defesa, o tenente coronel Flávio Arthur encaminhou nota à imprensa
local, admitindo a declaração, mas afirmando que ela teria sido tirada de
contexto de forma “maldosa e criminosa”. O comandante do Batalhão afirmou ainda
que vai rever a escala de serviço e disse que “Vai ter vez no BPM quem
trabalha”.
Leia a íntegra da nota abaixo:
Em razão da circulação de um áudio e da minha imagem, em grupos de watsaap,
venho a esclarecer , apenas aos amigos e àqueles que me conhecem, que o áudio
foi sim feito por mim. Não obstante, estar descontextualizado de forma Maldosa
e criminosa.
Esse áudio foi postado por mim, no grupo dos supervisores e oficiais do 2° Batalhão,
logo após eu ter assumido o comando da unidade e tomado ciência de diversos
fatos que imputo inadmissíveis.
Quero dizer àqueles que não desejam minha permanência no 2° BPM que , acabou a
escala de 02 x 12. Acabou a escala de 1×6. Acabou a venda de serviços. Acabou a
escala de 2×6 para aqueles que não ” produzem”. Acabou uso indiscriminado de
vtr por parte de alguns oficiais. Acabou escala que privilegia “pm” por morar
em Pernambuco ou Alagoas.
Vai ter vez no BPM quem trabalha.
Para quem me conhece, isso não é nenhuma surpresa.
Por derradeiro, para aqueles que tentaram descontextualizar minha fala, só
lamento. Não me importo com vocês e nunca me importarei, pois, por onde passei,
valorizei os que trabalham, não os que falam, os que bajulam ou os que “pagam”
.
TC Flávio Arthur – Atual Cmt do 2° BPM
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